Diálogo aberto...
Antônio Lázaro de Almeida Prado
O pior dos radicalismos mentais, comportamentais e, principalmente políticos, é o fechar os ouvidos à voz alheia. Os fanáticos, como os fascistas (de “Direita” ou de “Esquerda”) sempre proclamam que o chefe carismático “ha sempre ragione: tem sempre razão”...
Reconhecer-se pessoa de boa vontade, mas falível como todo homem, é uma boa razão para manter a alma e os olhos abertos às razões alheias.
Mas para que haja diálogo faz-se indispensável assumir, lealmente, concordâncias e divergências, procurando aumentar o âmbito dos primeiros e diminuir as razões dos segundos.
Só os tolos se presumem, como recordou um escritora norte-americana, “exclusivos filhos de Deus”.
Hoje o espetáculo do mundo parece atingir níveis de sectarismos e de fanatismos e de brutalidade talvez não igualadas anteriormente na trajetória da Humanidade.
O século XX apresentou-nos episódios de genocídio que, por vezes, quase nos fizeram ter vergonha de ser humanos. O romancista neorealista italiano Elio Vittorini em seu livro “Uomini e No, Homens e não homens” (seja dito, en passant, que foi, até que enfim, traduzido para a língua portuguesa) Vittorini, repetimos, mostrou sua indignação ao ver um mundo repartido entre humanos e humanos degradados à condição de bestas feras.
O que mais espanta é vermos certas correntes que se dizem religiosas, justificarem o morticínio, os assassínios e os genocídios, invocando bênção e apoio de divindades, de vária categoria...
Desarmamento e cessação de crueldades bélicas supõem, preliminarmente, desarmarem-se os espíritos, buscando razões para a manutenção do diálogo.
O mal é tedioso dizia-nos uma filósofa alemã. Mas o pior é quando as estruturas sociais tentam justificar a crueldade, o sectarismo, as cem cabeças da corrupção política, a hesitação entre Deus e o dinheiro (God versus gold...) as razantes espertezas do “marketing” comercial, político ou religioso...
Creio que todos somos (seja muito, seja pouco) culpados pela diminuição dos canais que manutenção ou retomada do diálogo humano.
Antes que a brutalidade e o fanatismo tomem conta de todas as estruturas sócio-econômico-politicas e até religiosas, será indispensável que nos empenhemos em manter abertos os ouvidos para a voz alheia...
Assis, 7 de junho de 2007
E-mail: professorprado.prado@gmail.com
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