sábado, 4 de julho de 2009
OS HOMENS OCOS ELIOT
OS HOMENS OCOS
1962
Tradução de Antônio Lázaro de Almeida Prado
Ao Dr. Ítalo Bettarello, “maestro di color
che sanno”, a quem devo minha iniciação em
Eliot, é dedicada esta tradução.
THE HOLLOW MEN
A penny for the Old Guy
I
We are thw hollow men
We are the stuffed men
Leaning together
Headpiece filled with straw. Alas!
Our dried voices, when
We whisper together
Are quiet and meaningless
As wind in dry grass
Or rats’ feet over broken glass
In our dry cellar
Shape without form, shade without colour,
Paralysed force, gesture without motion,
Those who have crossed
With direct eyes, to death’s other Kingdom
Remember us – if at all – not as lost
Violent souls, but only
As the hollow men
The stuffed men.
II
Eyes I dare not meet in dreams
In death’s dream kingdom
These do not appear:
There, the eyes are
Sunlight on a broken column
There, is a tree swinging
And voices are
In the wind’s singing
More distant and more solemn
Than a fading star.
Let me be no nearer
In death’s dream kingdom
Let me also wear
Such deliberate disguises
Rat’s coat, crowskin, crossed staves
OS HOMENS OCOS
Um vintém para Judas
I
Nós somos os homens ocos
Nós somos os homens empalhados
Uns aos outros apoiados
Cabeça construída com palha. Ai de nós!
Nossas vozes secas, quando
Juntos balbuciamos
São calmas, carentes de sentido
Qual o vento sobre o capim seco
Ou como pés de ratos sobre vidro quebrado
Em nossa adega seca.
Forma inconsistente, matiz esbatido
Fôrça contida, gesto sem movimento.
Aquêles que cruzaram,
Com seus próprios olhos o reino da morte
Recordam-nos – se tanto – não quais perdidas
Almas violentas, mas apenas
Quais homens ocos
Homens de palha.
II
Olhos que não ouso defrontar nos sonhos
No reino de sonho da morte
Êstes não se entremostram:
Ali os olhos são
Raio de sol sobre coluna quebrada
Ali há uma árvore balouçante
E as vozes são
No rumorejar do vento
Mais distantes e mais graves
Do que uma estrela mortiça.
Deixa quedar-me distante
Do reino onírico da morte
Deixa-me também vestir
Êstes propositais disfarces
Pele de rato, plumagem de gralha, traves cruzadas
In a field
Behaving as the Wind behaves
No nearer -----
Not that final meeting
In the twilight kingdom
III
This is the dead land
This is cactus land
Here the stone images
Are raised, here they receive
The supplication of a dead man’s hand
Under the twinkle of a fading star.
Is it like this
In death’s other kingdom
Waking alone
At the hour when we are
Trembling with tenderness
Lips that would kiss
Form prayers to broken stone.
IV
The eyes are not here
There are no eyes here
In this valley of dying stars
In this hollow valley
This broken jaw of our lost kingdoms
In this last of meeting places
We grope together
And avoid speech
Gathered on this beach of the tumid river
Sightless, unless
The eyes reappear
As the perpetual star
Multifoliate rose
Of death’s twilight kingdom
The hope only
Of empty men.
Em um campo,
Comportando-me, como o faz o vento,
Distante -----
Não é este ainda o derradeiro encontro
No reino crepuscular.
III
Esta é a terra morta
Esta é a terra espinhenta
Aqui os ídolos pétreos
Se erguem, aqui eles recebem
A súplica das mãos de um homem morto
Sob o cintilar de uma estrela esmorecente.
Será talvez assim
No outro reino da morte
Despertando sós
Na hora em que nos achamos
Trêmulos de ternura,
Os lábios que anseiam por um ósculo,
Formulam preces à quebrada rocha.
IV
Não estão aqui os olhos
Não há olhos aqui
Neste vale de estrelas mortiças
Neste vale oco
Rota mandíbula de nossos reinos perdidos.
Neste último reduto dos encontros
Tacteamos juntos
E o falar evitamos
Conregados à margem do rio túmido.
Cegueira inteira
Até que os olhos ressurjam,
Qual uma estrela perpétua,
Rosa miltifoliar
Do sombrio reino da morte,
Tal, a esperança própria
De homens ôcos.
V
Here we go round the prickly pear
Prickly pear prickly pear
Here we go round the prickly pear
At five o’clock in the morning
Between the idea
And the reality
Between the motion
And the act
Falls the Shadow
For Thine is the Kingdom
Between the conception
And the creation
Between the emotion
And the response
Falls the Shadow
Life is very long
Between the desire
And the spasm
Between the potency
And the existence
Between the essence
And the descent
Falls the Shadow
For Thine is the Kingdom
For Thine is
Life is
For Thine is the
This is the way the world ends
This is the way the world ends
This is the way the world ends
Not with a bang but a whimper.
ELIOT, Thomas Stearns (1888 – 1965)
Collected Poems 1909 – 1935, London
Faber & Fabea, 16ª impressão, novembro, pp 87-90.
V
Vamos à roda do cacto áspero
Cacto áspero cacto áspero
Vamos à roda do cacto áspero
À quinta hora do dia.
Entre o propósito
E a realidade
Entre a potência
E o ato
Cai a sombra
Pois teu é o Reino
Entre o projeto
E a criação
Entre a emoção
E a reação
Cai a sombra
Bem longa é a vida
Entre o desejo
E o espasmo
Entre a potência
E a existência
Entre a eesência
E a descida
Cai a sombra
Pois Teu é o Reino
Pois Teu é...
A vida é...
Pois Teu é...
È bem assim que o mundo acaba
É bem assim que o mundo acaba
É bem assim que o mundo acaba
Sem estrondo, só com vagidos.
Tradução de
Antônio Lázaro de Almeida Prado
Assis, 22 de novembro de 1962.
.
COMPARTILHADO
Solitário indivíduo estendo pontes
E solidário me faço além do espaço
Exíguo deste corpo agreste e lasso,
Navegando para além dos horizontes.
Compartilhada vida só em parte
Pois que, por outra parte, fujo à ilha,
E desfruto a perpétua maravilha
De à angusta solidão fugir com arte.
Solitário, mas sempre solidário,
Fugindo ao tempo precário e repartido,
No bem do amor encontro o meu sacrário
E tudo o que é bem meu eu condivido
Não vendo noutro ser algo contrário
Mas o que faz o inferno suprimido.
Assis, 15 de junho de 2007
Antônio Lázaro de Almeida Prado
::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::
Interlúdio paulistano (1)
|
::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::
Interlúdio paulistano (2)
|
Um comentário:
[url=http://dcxvssh.com]doYmLOnQ[/url] , OqmIpVK - http://yuxeflk.com
Postar um comentário