sábado, 4 de julho de 2009
Poemas traduzidos por Fernando Oliveira
DE CORPO INTEIRO
Este modo único
Levarei comigo
De um ousado tímido.
Este padrão lúdico
Levarei comigo
E meu olho clínico.
O meu ser translúcido
Levarei comigo
E o sorriso irônico.
Detestando o cínico
Levarei comigo
Meu teor dramático.
Pobre perdulário
Levarei comigo
O apetite místico.
Débil ser telúrico
Levarei comigo
O meu jeito errático
De maneira lúdica
Encarei a vida
Como um fruto mágico.
E meu timbre excêntrico
Levarei comigo:
Solidário e... único...
Antônio Lázaro de Almeida Prado
De corps entier
Cette manière unique
De timide audacieux.
J’emmènerai avec moi
Cet archétype ludique
Et mon œil clinique.
J’emmènerai avec moi
Mon être translucide
Le sourire ironique
J’emmènerai avec moi.
Détestant le cynique
J’emmènerai avec moi.
Mon ton dramatique
Pauvre gaspilleur
J’emmènerai avec moi
L’appétit mystique.
Fragile et tellurique
J’emmènerai avec moi
Mon mode erratique.
De façon ludique
J’observe la vie
Comme un fruit magique.
Et le timbre excentrique
J’emmènerai avec moi:
Solidaire et… unique…
Tradução: Fernando Oliveira
ÍNTEGRO
E nós
suspensos
Entre a cebola e o arco-íris;
E nós
prensados
Entre a batata e a rosa;
E nós
pendentes
Entre o amargor e o sonho
Entre o açafrão e a lua;
E nós
sofridos
Entre a chegada e a ida
Entre o arrebol e a noite
Miramos
Desde a longínqua ilha
O continente íntegro.
Antônio Lázaro de Almeida Prado
Intègre
Et nous
Suspendus
Entre l’oignon et l’arc-en-ciel;
Et nous
tassés
Entre la pomme de terre et la rose;
Et nous
en attente
entre le chagrin et le songe
le safran et la lune;
et nous
éprouvés
entre l’arrivé et le départ
le coucher de soleil et la nuit
regardâmes
dès l’île lointaine
l’intègre continent.
Antônio Lázaro de Almeida Prado
Tradução: Fernando Oliveira
CONSAGRAÇÃO
Eis o meu corpo: —
Centelha...
Eis o meu sopro: —
Fagulha...
Este, meu verbo: —
Bebei-o...
Frumento –
O meu amor
Se fez Pra todos: —
Comei-o...
Guardai-me
Fidelíssima
Memória...
E ide
Em paz
Para exercer
O amor...
Antônio Lázaro de Almeida Prado
Consécration
Voici mon corps:-
Flammèche…
Voici mon souffle:-
Etincelle…
Buvez ce verbe:-
Que est le mien…
Pour tous:-
Mon amour
S’est métamorphosé
Dans le meilleur blé:-
Mangez-le…
Conservez
Fidélité
A mon souvenir…
Et allez en paix
Répandre
L’amour.
Antônio Lázaro de Almeida Prado
Tradução: Fernando Oliveira
DEIXA FLUIR TEU CANTO...
Deixa fluir teu canto, livremente,
Deixa brotar a lágrima, espontânea,
O sonho é antevéspera da aurora,
Que sempre é puro dom, oferta pura.
Deixa afluir em ti a tua infância
Presente e atuante e promissora...
O tempo não cancela o olho d’água
De que procede o imenso rio da vida.
Deixa que a voz, liberta das amarras,
Entoe um canto simples, despojado,
Que imite o puro som do enamorado,
E seja, como o vento, sem medidas.
Deixa a vida pulsar, sem freio ou diques,
Qual puro balbuciar de uma criança.
Deixa que a vida te conduza sempre
Qual faz o vento à imponderável pluma...
Assis, 27 de junho de 2007
Antônio Lázaro de Almeida Prado
Laisse jaillir ton chant…
Spontané, laisse poindre le chagrin,
Librement jaillir ton chant,
Le songe, est l’arrière avant veille de l’aube,
Toujours un don pur, une pure offerte.
Laisse l’enfance te parvenir
Concrète, frétillante et prometteuse…
Le temps n’arrête pas l’idée de l’eau
D’ou vient l’immense fil de la vie.
Laisse que la voix libère les cordages,
Esquisse un simple chant, dépouillé,
Que plagie le son pur de l’amoureux,
Et soit, comme le vent, démesuré.
Sans freins ou barrières, laisse la vie pulser,
Comme les premiers pas d’un enfant.
Laisse-toi guider par la vie
Comme le fait le vent, avec la plume…
Antônio Lázaro de Almeida Prado
Tradução: Fernando Oliveira
LIBERTO, COMO OS PÁSSAROS...
Sê como a nuvem, livre, transitório:
Fugaz, como o perfume (imponderável)
Do hálito da vida, que se escoa.
Imita o ar, que flúi sem alarde,
E sem o qual não se constrói a vida...
Imita o coração, discreto, ágil,
Indiferente ao tempo dos relógios...
Assis, 27 de junho de 2007
Antônio Lázaro de Almeida Prado
Libre, comme les oiseaux…
Soit comme le nuage, libre, transitoire:
Ephémère, comme le parfum (aléatoire)
Du souffle de la vie, que s’éteint.
Mime l’air, que volette sans clameur,
Sans lequel on ne construit pas la vie…
Imite le cœur, discret, agile,
Insensible au temps des horloges…
Antônio Lázaro de Almeida Prado
Tradução: Fernando Oliveira
.
COMPARTILHADO
Solitário indivíduo estendo pontes
E solidário me faço além do espaço
Exíguo deste corpo agreste e lasso,
Navegando para além dos horizontes.
Compartilhada vida só em parte
Pois que, por outra parte, fujo à ilha,
E desfruto a perpétua maravilha
De à angusta solidão fugir com arte.
Solitário, mas sempre solidário,
Fugindo ao tempo precário e repartido,
No bem do amor encontro o meu sacrário
E tudo o que é bem meu eu condivido
Não vendo noutro ser algo contrário
Mas o que faz o inferno suprimido.
Assis, 15 de junho de 2007
Antônio Lázaro de Almeida Prado
::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::
Interlúdio paulistano (1)
|
::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::
Interlúdio paulistano (2)
|
Nenhum comentário:
Postar um comentário